BRASIL | EDUCAÇÃO - Altas mensalidades das escolas particulares faz muitos pais partirem para o"PLANO B". Confira agora!
Escolas preparam a maior alta de mensalidade desde início da Covid
Pesquisa com 65 estabelecimentos em cinco Estados indica que reajuste deve ser de 7% a 10% no ensino fundamental e médio
reajuste da mensalidade escolar é um dos principais canais de transmissão da inflação | FREEPIK
Após um longo período de colégios fechados, com o valor das mensalidades sem alteração ou com reajustes modestos, o próximo ano deve começar com uma herança pesada da inflação de 2021 para o orçamento das famílias com filhos na escola.
Mais da metade (53%) das escolas de ensino fundamental e médio planejam aumentar as mensalidades e as matrículas do ano que vem entre 7% e 10%, aponta pesquisa com 65 estabelecimentos em cinco Estados da consultoria Meira Fernandes, especializada em educação.
"Acredito que o reajuste vai ficar um pouquinho maior até porque a inflação deste ano está em dois dígitos", diz o presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), Benjamin Ribeiro da Silva. Ele espera alta entre 10% e 13%.
O reajuste da mensalidade escolar é um dos principais canais de transmissão da inflação de um ano para o ano seguinte. "É a inércia inflacionária, a inflação de 2021 se materializando na inflação de 2022", afirma o economista André Braz, coordenador de índices de preços da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Esse movimento, segundo ele, torna mais difícil o trabalho do Banco Central (BC) de trazer a inflação para mais próximo da meta de 3,5% de 2022, porque aumenta a persistência da alta de preços.
Com a inflação esperada para 2021 em 10,12%, segundo o Boletim Focus do BC, a expectativa de escolas e outros prestadores de serviços é incorporar aumentos de despesas de 2021 nos preços de 2022.
Rogério Caramante, gestor comercial da consultoria, argumenta que em 2020 e 2021 as escolas fizeram investimentos em tecnologia por causa do ensino a distância. "Muitas usam a plataforma do Google, com preços em dólar", exemplifica.
Também houve gastos com Equipamentos de Proteção Individual e infraestrutura para trazer os alunos e professores presencialmente para as salas de aula de forma segura, sem contar com os reajustes salariais, na faixa de 6% para auxiliares e de 11% para professores, argumenta Caramante.
Além disso, as escolas terão de ampliar os quadros de pessoal para cumprir a nova grade curricular do ensino médio prevista para 2022, que aumentou o número de disciplinas e a carga horária. Nas contas do consultor, os aumentos de custos das escolas hoje, no geral, variam entre 15% e 20%.
Silva diz que 60% da mensalidade correspondem a gastos com pessoal. Ele diz que a conta de luz aumentou 70% este ano, fora os aluguéis, que tiveram reajustes na faixa de 30%. Mas, segundo a prévia oficial da inflação, o IPCA-15, as variações foram mais modestas. No ano até novembro, o aluguel subiu 6,11%, e a energia elétrica, 26,13%. Em 12 meses a alta foi de 31,28% na conta de luz.
"A escola é intensiva no uso de energia, só que uma parte desse aumento não é permanente", alerta Braz. O reajuste da tarifa ocorreu por causa da escassez de chuvas que levou à cobrança de uma bandeira mais cara. A perspectiva é de que essa bandeira de escassez hídrica acabe a partir de maio. "Uma parte desse aumento é transitório", diz o economista.
Flexibilidade
Negociar é a saída para compatibilizar a queda no poder de compra das famílias com a pressão de custos das escolas. Com a pandemia, a evasão chegou a 15%. Com temor de perder alunos, as escolas estariam mais flexíveis. A pesquisa mostra que quase 25% das escolas pretendem reajustar as mensalidades em até 7%, índice inferior à inflação projetada para o ano.
Apesar da menor concorrência nos ensinos médio e fundamental, comparados ao superior, Braz acredita também que a negociação entre pais de alunos e escolas nesse segmento seja a solução. Ele adverte que a alta no gasto com educação vira permanente, a partir do momento que o contrato com a escola é assinado. "Não é um serviço com preço flutuando ao longo do ano."
Plano “B”
Apesar da flexibilização das escolas particulares em negociar mensalidades mais acessíveis aos pais, a situação econômica de muitas famílias brasileiras piorou, com demasiadas demissões por todo o Brasil, o que de acordo com especialistas, a diminuição da renda familiar pós-pandemia é um dos principais motivos para essas transferências, e muitos pais ainda estão sofrendo os efeitos, recorrendo ao “Plano B”, como alternativa para manter os filhos na escola, a busca por escolas públicas aumentou.
Segundo um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo aponta que, na capital, o número de estudantes que migrou de escolas particulares para a rede pública de ensino aumentou 34% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2020.
No estado, o cenário é outro, e os números são menores em relação a 2020: 9.752 estudantes de escolas particulares foram transferidos para colégios públicos entre janeiro e agosto, contra 12.677 no ano passado.
FONTE: CNN BRASIL - O ESTADO DE SÃO PAULO | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4
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